Leia trechos do livro “Dirceu - A Biografia”, de Otávio Cabral (Editora Record):
O soldado da Força Pública Paulo Ribeiro Nunes e o estudante do
Mackenzie João Parisi Filho, membro do CCC [Comando de Caça aos Comunistas],
descobertos enquanto se passavam por militantes do movimento estudantil, foram
levados vendados ao Conjunto Residencial da USP, o Crusp, onde os apartamentos
109, 110 e 111 do bloco G eram utilizados como uma “delegacia informal” da
turma de Dirceu. Lá, foram interrogados e mantidos em cárcere privado (…) A
Parisi, porém, foi dado tratamento de inimigo de guerra, segundo relato do
delegado do DOPS Alcides Cintra Bueno Filho, em documento de 18 de agosto de
1970:
“Por determinação do ex-líder estudantil Jose Dirceu de Oliveira e
Silva, concretizou-se o sequestro do então universitário João Parisi Filho, da
Universidade Mackenzie. João Parisi Filho foi levado para o Conjunto
Residencial da Universidade de São Paulo, onde permaneceu em cárcere privado
por vários dias, submetido a sevicias. Nesse conjunto residencial,
Parisi foi conduzido vendado e algemado, onde foi submetido a interrogatório, sob
ameaça de morte. A vítima permaneceu presa durante dias, em condições
desumanas. Após ter passado por esses atos de atrocidade, o estudante
Parisi foi conduzido de olhos vendados para a copa do quinto andar do pavilhão
G, onde foi trancafiado por uma noite e dois dias, permanecendo nesse local todo esse tempo deitado, com as mãos algemadas
e presas ao cano da pia daquela dependência. Nessa situação, foi encontrado
por duas empregadas que fazem a limpeza”.
A pergunta que não quer
calar é:
Se a tortura é um crime imprescritível, a Comissão “da Verdade” vai
querer revogar a Lei da Anistia também para os torturadores da esquerda?
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