Um milhão e duzentos mil brasileiros
que foram às ruas protestar contra o aumento do custo de vida, a corrupção e a
má administração do país, às prioridades na aplicação dos recursos públicos
etc. estão sendo usados por Dilma para justificar a contratação de 6.000
médicos (?) cubanos pelo SUS.
Esse governo do PT não “prega prego
sem estopa”...
No pronunciamento que fez à nação
ontem, Dilma promete “trazer de imediato milhares de médicos do exterior para
ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde”.
Esperta, ela omitiu a origem desses
médicos. Quer usar a força do movimento para trazer “na marra” um batalhão de
cubanos que nem sabemos se de fato são médicos! Senão, vejamos:
Cuba é um país muito pequeno. Nele é fácil ajustar
a formação profissional com as necessidades da sociedade. É no mínimo estranho
que haja tantos médicos sobrando, a ponto de nos serem oferecidos nessa
quantidade;
Existem apenas duas Universidades de medicina em
Cuba: La Habana, que forma 200 médicos por ano e Elam - Escuela Latino Americana de Medicina,
que forma 100 médicos por ano;
Para juntar seis mil médicos, seriam necessários
todos os médicos formados nos últimos 20 anos, que teriam de estar
disponíveis para vir trabalhar no Brasil.
Pensa bem: qualquer profissional que
requeira graduação em curso superior para exercer sua profissão no Brasil deve necessariamente
revalidar seu diploma em uma universidade federal brasileira.
Em 2012, 182 cubanos inscreveram-se
para revalidação de seus diplomas no Brasil, mas somente 20 foram aprovados
(10,99%). Para superar esse gargalo, o
PT – sob forte oposição do Conselho Federal de Medicina e da sociedade –
insiste em aprovar a revalidação automática dos diplomas de médicos.
Seriam os brasileiros ou a nomenklatura do PT que iriam se submeter
a esses médicos? Sabemos que Lula – que disse ter vontade deficar doente, de tão bom que era o atendimento público que ele inaugurava –
tratou seu câncer no Hospital Sírio Libanês.
Mas Dilma não disse que seriam de
Cuba!
Ora, ainda que fossem médicos de outros países, a revalidação ainda é exigida. O que, por
suas próprias características, não é um procedimento rápido. Dilma disse, no
entanto, “de imediato”. Logo, deve estar querendo “queimar etapas”, sob o
argumento de que é “uma cobrança da sociedade”.
Cuidado!
Tu estás sendo usado...
Dilma também falou sobre a
utilização de recursos públicos na construção de arenas.
Parece que ela negou que recursos
públicos tenham sido utilizados, não? Que foram apenas financiamentos.
Pois é...
Ocorre que ela falou de recursos
públicos federais... Alguém aí ouviu falar de uma arena ou estádio
federal? Como são estaduais, os recursos federais, de fato, foram empréstimos
do BNDES. Mas teria sido essa a contestação feita pelos manifestantes? Ou se
reclamava do mau direcionamento de recursos públicos?
Brasília, dia
15 de junho de 2013. Inauguração da Copa das Confederações, no Estádio Mané
Garrincha, que custou aos cofres públicos do Distrito Federal mais de um bilhão
e trezentos milhões de reais, obra que não resiste a nenhuma auditoria, por
mais superficial que seja. Outros trezentos e cinco milhões de reais ainda
serão gastos no estacionamento e no entorno.
Estádio
praticamente lotado, com quase 70.000 pessoas, para assistir ao jogo entre o
Brasil e o Japão. Depois da cerimônia de abertura, simples, mas bonita e bem
organizada, já com os jogadores perfilados, é anunciada a presença da
"presidenta" Dilma e do presidente da FIFA.
Começa uma
estrondosa vaia. Logo depois, Joseph Blater inicia um breve pronunciamento. A reação
do público esmaece por alguns instantes. Quando o presidente da FIFA cita o
nome da "presidenta" Dilma, a estrondosa vaia recomeça. Joseph Blater
pede, por favor, aos amigos do futebol brasileiro, respeito e fair-play.
As vaias não
cessam e Dilma, visivelmente constrangida, com as imagens geradas para o mundo,
apenas declara aberta a Copa das Confederações, com a sua voz abafada pela
ruidosa manifestação de repúdio e de desaprovação da maioria dos presentes.
A TV Globo,
responsável pelas imagens, tentou minimizar o ocorrido e tirou de seu
noticiário esse momento de revolta de uma parcela significativa do povo
brasileiro. Ao comentar rapidamente o fato, o apresentador do Jornal Nacional,
William Bonner, ainda disse que as vaias também foram para o presidente da
FIFA. Errou em sua interpretação. Elas foram dirigidas apenas à
"presidenta". Eu estava lá e vi. Meninos, eu vi.
Vi e também
vaiei, a plenos pulmões. Não iniciei a vaia, que tomou conta do estádio como
uma grande "ola". Mas, certamente, fui um dos últimos a parar. As
consequências vieram de imediato, atingindo as minhas cordas vocais e
deixando-me rouco, condição em que ainda permaneço, dois dias depois.
Talvez, neste
país sem cidadania, esteja me tornando um velho anarquista, mas com o ardor da
indignação de um jovem adolescente, em prol do que é certo e justo.
Vaiei a
incompetência, a desonestidade, a corrupção, a enganação, a mentira.
Vaiei as
obras inacabadas, superfaturadas, mal feitas, não fiscalizadas.
Vaiei a
insegurança dos cidadãos brasileiros, as péssimas condições da saúde pública, a
ineficiência do sistema educacional.
Vaiei a falta
de boas estradas, portos e aeroportos.
Vaiei a
carência de saneamento básico, os apagões de energia elétrica, o caos das
grandes cidades.
Vaiei a
utilização política de empresas estatais e de economia mista, com recursos
financeiros mal aplicados ou utilizados de maneira inescrupulosa, ocasionando
graves prejuízos, como os verificados na Petrobras.
Vaiei o
estímulo à luta de classes, à invasão de propriedades particulares e à
desagregação da sociedade.
Vaiei os
programas eleitoreiros, disfarçados em projetos sociais, sem nenhuma
contrapartida, que objetivam apenas a conquista de votos para a manutenção do poder.
Vaiei o
retorno da inflação, o aumento brutal da dívida interna, a quebra do equilíbrio
fiscal.
Vaiei o
aniquilamento de nossa indústria, os malefícios à agropecuária, a perda da
competitividade internacional.
Vaiei
os cartões corporativos e o alto custo da máquina governamental, com os seus
trinta e nove ministérios, criados, em sua maioria, apenas para abrigar
políticos obscuros e os interesses dos partidos da base aliada.
Vaiei o
aparelhamento do Estado, inclusive o da mais alta corte do Poder Judiciário,
por pessoas ligadas ao partido político da "presidenta".
Vaiei a
tentativa de mudar a verdadeira História do Brasil, com a instalação de uma
Comissão, que de verdade só tem o nome.
Vaiei a
subordinação da política externa brasileira aos ditames do Foro de São Paulo,
com o país caudatário das decisões de governos populistas e ditatoriais da
América Latina.
Vaiei as
tentativas de macular as Forças Armadas, de silenciar a imprensa, de implantar,
paulatinamente, o comunismo no Brasil, travestido agora com o nome de
socialismo bolivariano.
Vaiei
os políticos demagogos, oportunistas, mentirosos, corruptos e adúlteros.
Vaiei os
seguidores de falsos profetas, os aproveitadores, os bajuladores, de todas as
espécies.
Vaiei os
inocentes úteis, os conformados, os omissos.
Vaiei,
finalmente, todo o mal que, nos últimos dez anos, o partido político, que se
dizia ético, fez ao meu país.
Que a
estrondosa vaia seja o prenúncio de outros tempos, de esperança e de confiança
em um novo Brasil, verdadeiramente grandioso e justo para o seu povo.
Em fins de novembro de 2012 eclodiu
no país mais um escândalo envolvendo a administração do PT; o caso apelidado
por “Rosegate”. A chefe do escritório da Representação da Presidência da
República no estado de São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, foi indiciada pela
Polícia Federal por corrupção e tráfico de influência. Descobriu-se, depois,
que referida servidora também substituía a primeira dama nas viagens
internacionais de Lula, sempre que D. Marisa Letícia não o acompanhava.
Soube-se, também, que, desconfiada da relação do marido com Rose, D. Marisa
checava se o nome da rival constava da comitiva oficial. Para contornar o
“problema”, Rose viajava para o exterior acompanhando o presidente (chamado por
ela, na intimidade, de “PR”), recebendo até diárias, mas de forma clandestina
(sem estar registrada nas listas de passageiros e dos integrantes da comitiva –
esta, fornecida pelo Ministério das Relações Exteriores – e sem publicação da
autorização para viagem ao exterior – necessária para qualquer servidor público
federal que viaje a serviço – no Diário Oficial da União – D.O.U.). Em resumo,
a sociedade passou a sustentar a amante do presidente da república, via emprego
público, e esta se utilizou do cargo e do “compartilhamento de lençóis” para
colocar em cargos públicos de interesse de seu grupo corrupto pessoas por ela
indicadas ao “PR”.
Rosemary, Lula e
D. Marisa Letícia
Até
hoje à sociedade são
omitidas
informações atualizadas sobre o caso (que possuem versões ainda muito
mais
escabrosas circulando pela mídia – em especial no AlertaTotal),
nem Lula vem a público esclarecê-lo (talvez por que não haja mentira
que possa
convencer a opinião pública).
Em
17 de fevereiro e em
1º de abril
deste ano foram feitas manifestações em Porto Alegre, capital do estado
do RS,
contra o aumento das passagens de ônibus urbanas. Nada diferente de
manifestações similares ocorridas no passado, em diversas capitais
brasileiras.
Em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, essas
manifestações são
frequentes.
Manifestação em
Porto Alegre, em 17/02/2013
Manifestação em
Porto Alegre em 01/04/2013,
capitaneadas pelas União Estadual dos Estudantes (UEE) e União Gaúcha
dos
Estudantes (Uges)
Em 05 de março, passeata de
protesto contra o PT e Lula ocorreu na Av. Paulista, em São Paulo. A
mídia
omitiu o fato, que foi divulgado apenas através das chamadas mídias
sociais e
blogs, como o Com a Boca no Trombone.
No
início de abril foi
divulgado
índice inflacionário de março – 0,47%, fazendo com que a perda de valor
do Real
nos últimos doze meses – 6,59% - supere o teto da meta estabelecida
pelo
governo. Na média, a inflação dos alimentos – a que mais rapidamente é
percebida pela sociedade, no entanto, tem sido bem maior. E mexer no
bolso da
sociedade é algo perigoso...
Em
18 e 19 de maio
ocorreu uma
corrida às agências da Caixa Econômica Federal, teoricamente em razão
de um
efeito viral de um boato sobre eventual suspensão do Programa Bolsa
Família. A
princípio, o governo federal acusou a oposição como fonte do boato, mas
o fato
de a Caixa estar preparada para essa emergência num fim de semana
levantou
suspeitas e, depois de duas negativas e explicações não convincentes,
ficou
claro que a confusão havia sido gerada por mudanças na sistemática de
pagamento
da própria instituição, que nem seu presidente, nem a presidente da
república
(em tese) sabiam. Com o episódio, a grande massa de trabalhadores que
sustenta
esses benefícios com seus impostos e contribuições pode ver que muitos
beneficiários do Bolsa Família não tinham aparência de possuírem “renda familiar mensal de até R$ 140,00 per
capta” (vide abaixo). No Jornal Nacional – noticioso de maior
popularidade
no país – uma senhora declarou que havia recebido simultaneamente dois
meses de
benefício e, como de hábito, havia depositado o valor em sua
caderneta
de poupança (logo; não necessitando do benefício para matar a fome).
Pessoas
aglomeradas em agência da Caixa
Federal, para sacar antecipadamente seus benefícios
A
classe média começava
a se
aperceber que as denúncias da oposição tinham um quê de verdade: fora
os
verdadeiros miseráveis, que a necessitam, a Bolsa Família era mais uma
ferramenta de cooptação de votos que um programa assistencial.
No
dia 6 de junho
manifestação com a
mesma reclamação ocorreu em São Paulo, reunindo cerca de 700
manifestantes do
MPL – Movimento Passe Livre. Alguns deles depredaram bares e lixeiras
da
Paulista e espalharam lixo pela avenida. Na Treze de Maio, arrancaram
cabos de
luz e hostilizaram motoristas. Como consequência, a polícia reagiu com
o uso de
gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes.
Sobre
o assunto, entre
centenas de
notícias publicadas, o sítio ucho.inforegistrou que “o violento e criminoso
protesto contra o aumento do valor da passagem de ônibus, trem e metrô
em São
Paulo foi um ato contra o governador Geraldo Alckmin e o PSDB, encomendado
pelo PT, que sonha em tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes
na
eleição do próximo ano. ... A ação da noite de quinta-feira (6), que
ocupou o
noticiário nacional, foi organizada com antecedência por baderneiros
políticos
que agem como se fossem mafiosos de alta periculosidade. Primeiro os
metroviários desistiram temporariamente da greve. Em seguida surgiu o
anúncio
de que algumas cidades do Grande ABC reduziriam o preço da passagem de
ônibus”.
Foi
um tiro no pé. A
partir de
então, novos grupos passaram a se articular através das mídias sociais
e o
número de participantes lentamente foi crescendo, ultrapassando os
limites dos
membros da MPL e dos baderneiros de aluguel.
A
divulgação do
resultado de
pesquisas, nos dia 8 (do Instituto Datafolha, dando conta de uma queda
de 8% na
aprovação da Presidente Dilma) e 10 de junho (eleitoral, na qual o
governador
do estado de São Paulo - Alckmin - venceria até Lula na disputa pelo
governo de
SP, com 42% das intenções de voto contra 26% do ex-presidente)
desesperaram o
PT. A estratégia de tentar reforçar a imagem do governador paulista
como
responsável pela baderna já não surtiria efeito, pois o vento da
democracia
havia espargido o descontentamento geral para todos os cantos do país.
No
dia 16 de junho, na
solenidade de
abertura da Copa das Confederações, no Estádio Nacional Mané Garrincha,
em
Brasília, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada por mais de 60.000
pessoas
presentes, por três vezes: quando o presidente da FIFA, Joseph Blatter,
a citou
nominalmente, quando ele, espantado com a vaia, cobrou “far
play” da plateia e, por fim, quando a própria presidente falou
ao microfone. Era o prenúncio de que havia algo no ar...
E
tinha! O dia 17 de
junho culminou
com manifestações em 12 capitais do país – São Paulo (cerca de 65.000
manifestantes), Rio de Janeiro (cerca de 100.000 manifestantes),
Brasília,
Goiânia, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Natal, Belém,
Florianópolis,
Porto Alegre e Curitiba, além de em outras cidades do interior.
Ocorreram casos
de vandalismo, sempre praticados por pequeno número de vândalos -
máximo de 300
a 500, no Rio de Janeiro. Deixo de postar fotos das depredações, embora
tenham
gerado grandes prejuízos, por dois motivos: I. Por ter sido praticado
por uma
minoria absoluta dos manifestantes e II. Para não valorizar nem
estimular atos
de tão baixo valor moral, sem qualquer comprometimento com o país, como
os
praticados pela grande massa que participou das manifestações.
São Paulo - Av.
Paulista
São Paulo - Av.
Paulista
São Paulo
São Paulo
São Paulo - MASP
São Paulo - Av.
Brigadeiro Faria Lima
Rio de Janeiro -
Av. Rio Branco
Salvador
Brasília –
Congresso Nacional
Brasília –
Congresso Nacional
Belo Horizonte -
Av. Antônio Carlos
Curitiba
Curitiba
De pequenos manifestos
contra o
aumento das passagens de ônibus urbanas, inflados com a infiltração de
baderneiros de aluguel, o movimento agigantou-se, passando a ser uma
grande
manifestação multifocal, com os mais variados objetivos: contra o
aumento das
passagens de ônibus, contra a corrupção, a favor do aborto, contra a
discriminação sexual, contra a classe política, contra a reação
policial, a
favor da liberação das drogas, contra os gastos desmesurados com a
realização
da Copa do Mundo de Futebol, que poderiam ser usados para melhorar os
sistemas
de saúde, educação e segurança pública, contra a aprovação da PEC 37,
contra a
elevação do custo de vida e por aí vai. Com um detalhe: sem vinculação
a
qualquer partido político (muito embora o PSTU e o PSOL tenham tentado
obter
ganhos políticos levando suas bandeiras às passeatas).
Um cartaz traduziu bem o
sentimento
dos participantes: muitos foram os motivos e o aumento das passagens de
ônibus
era apenas “a gota d’água” (que fez o copo transbordar):
Ficou claro que embora
político, o
movimento era desprovido de cores partidárias. E, muito embora o amplo
espectro
das demandas e protestos, ele tinha, sim, uma essência: o aumento do
custo de
vida, a corrupção e a má administração do país, com críticas
contundentes às
prioridades do governo federal na aplicação de seus recursos.
Cabe
aqui um adendo: há
tempos que é
noticiado que os gastos públicos com a construção/reforma de arenas que
irão
sediar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de Futebol – ambas da
FIFA,
ultrapassaram em muito os valores inicialmente orçados (e que já eram
gigantes!). Por exemplo, o Estádio Nacional Mané Garrincha, orçado em
R$ 696
milhões, deverá alcançar desembolsos de R$ 1,6 bilhão. O Maracanã,
orçado
inicialmente em R$ 705 milhões, teve seu orçamento reajustado para R$
931
milhões e os desembolsos totais deverão atingir R$ 1,12 bilhão. A
sociedade
também se pergunta se não haveria destinação melhor para os US$ 2,17
bilhões
emprestados de forma secreta para Cuba e Angola ou os R$ 1,5 bilhão
perdoado
para países africanos (República do Congo, Costa do Marfim, Tanzânia,
Gabão,
Senegal, República da Guiné, Mauritânia, Zâmbia, São Tomé e Príncipe,
República
Democrática do Congo, Sudão e Guiné Bissau), política não praticada,
por
exemplo, com os 350 mil inadimplentes do semiárido do Nordeste, que
sofrem com
a falta de chuvas.
Paralelamente
aos
desmandos do Poder
Executivo nacional, o Congresso Nacional também tem sido fonte
frequente de
intranquilidade para o povo brasileiro, com propostas de emenda à
Constituição
Federal – PECs – que visam à ruptura da harmônica divisão de
competências entre
os três poderes da república ou à dificultação das investigações
criminais,
como, por exemplo, a PEC 33, que submete ao Congresso Nacional decisões
do STF
sobre ADINs - Ações Diretas de Inconstitucionalidade, e a PEC 37, a
qual, se
aprovada no próximo dia 26, retirará do Ministério Público, da
Receita
Federal e do Banco Central a capacidade de investigarem crimes
no âmbito
de suas searas.
Não
considero, nesta
análise, o
desmonte financeiro da Petrobrás, visto que é assunto pouquíssimo
conhecido
pela sociedade em geral e, portanto, não teria o condão de engrossar o
caldo
dos descontentamentos com a administração petista.
As
publicações nos blogs
e mídias
sociais também davam uma pista da essência do movimento, o fio condutor
que
continua engrossando o caldo das manifestações:
Por ironia da vida, os
jovens de
hoje usaram antigas frases de músicas de Chico Buarque e de Geraldo
Vandré para
contestar o governo de esquerda instalado no país...
A
repercussão das
manifestações na
sociedade foi positiva. Hackers – como Anonymous, AnonCyber e
CyberGhost –
prestaram “solidariedade às manifestações de rua realizadas em várias
cidades
do Brasil na noite de segunda-feira” realizando uma série de invasões e
ataques
de negação de serviço contra sites públicos e perfis de autoridades nas
redes
sociais, preferentemente àqueles ligados à Copa do Mundo. Até pessoas
de idade
se manifestaram, seja indo para a avenida, seja postando seu apoio nas
mídias
sociais: (pule os espaços vazios que surgirão daqui para a frente)
Idosos em Porto Alegre
Na Av. Paulista,
Em São Paulo
Os
dias seguintes foram
uma
repetição do dia 17, com número pouco menor de manifestantes, mas em
muitas
mais cidades brasileiras envolvidas. Aliás, até em Londres e em Lisboa
ocorreram manifestações de apoio! Registre-se que a gama de motivações
alargou-se, havendo cidades que sequer reclamaram do valor das
passagens de
ônibus urbanos.
Tão
plasmado está que a
motivação é
ampla e centrada nos tópicos anteriormente listados, que a própria
presidente
da república fez, dia 18, um pronunciamento à nação sobre o assunto.
Foi
feliz em diagnosticar as questões que estão a desagradar à sociedade,
mas
passou longe de um “mea culpa” pelo estado de coisas:
Trata-se
de fenômeno
político-social
interessante. Desde o impeachment do então presidente Collor que a
sociedade –
os jovens, principalmente – não ia para as ruas demandar mudanças em
tão
expressivo número de pessoas, nem em tão diversificados pontos do país.
Por
mais de década os
cidadãos
insatisfeitos com os rumos do país criticavam a passividade bovina de
nossa
sociedade, que nada fazia para reverter esse estado de coisas. Eis que
de
repente manifestações localizadas em pontos diferentes do país, com
foco único
no aumento das passagens de ônibus, tiveram o condão de despertar “o
gigante
adormecido em berço esplêndido”. Provavelmente tenha sido o fenômeno da
“gota
d’água”.
Atônitos com os
acontecimentos,
prefeitos de diversas cidades do país foram rápidos em anunciar redução
no
preço das passagens. Terão essas providencias a capacidade de amainar o
espírito contestatório da sociedade, agora que as demandas são
múltiplas e bem
maiores que os “vinte centavos”?
Até
quando irão as
manifestações não
se sabe. Quaisquer mudanças que venham a ser implementadas agora serão
cosméticas. Mudança para valer, mesmo, só poderá ser obtida se esses
mesmos
manifestantes mudarem sua forma de votar, nas próximas eleições:
consciente,
sem eleger candidatos com passado duvidoso. É o que se espera.
A sociedade quem “passar
a limpo” o
Brasil. Agindo de forma ordeira e organizada isso é possível. Vamos
lavar essa
sujeira que nos faz perder o orgulho de sermos brasileiros!
Por
fim, há que se
separar o joio do
trigo. A fração ínfima de baderneiros não pode continuar pondo em risco
a vida
de terceiros, nem agredir a polícia, tampouco dilapidar o patrimônio
público e
privado.
Há
que se usar os
serviços de
inteligência, as câmeras de vídeo, as filmagens dos inúmeros órgãos da
imprensa
na identificação desses meliantes. Que deverão responder pelos crimes
cometidos. Não há “instinto de manada” que justifique esses crimes.
E
tão importante quanto
identificá-los é investigar se há partidos ou pessoas financiando esses
vândalos,
pois paira no ar a desconfiança de que por trás desses desmandos há a
mesma mão
invisível que acionou os “aloprados”. Os atos de violência teriam por
objetivo:
I) Dar motivo para a intervenção policial; 2) Desmotivar os demais
participantes, seja por medo da reação policial, seja para não serem
confundidos com vândalos; 3) Fazer com que a classe média não apoie o
movimento; e 4) Dar motivos para a mídia contestar as manifestações.
Para quem
acabou com a lavoura cacaueira na Bahia, introduzindo galhos de
cacaueiros de
Rondônia, infestados com a vassoura-de-bruxa, TUDO É POSSÍVEL!