Brasília, dia
15 de junho de 2013. Inauguração da Copa das Confederações, no Estádio Mané
Garrincha, que custou aos cofres públicos do Distrito Federal mais de um bilhão
e trezentos milhões de reais, obra que não resiste a nenhuma auditoria, por
mais superficial que seja. Outros trezentos e cinco milhões de reais ainda
serão gastos no estacionamento e no entorno.
Estádio
praticamente lotado, com quase 70.000 pessoas, para assistir ao jogo entre o
Brasil e o Japão. Depois da cerimônia de abertura, simples, mas bonita e bem
organizada, já com os jogadores perfilados, é anunciada a presença da
"presidenta" Dilma e do presidente da FIFA.
Começa uma
estrondosa vaia. Logo depois, Joseph Blater inicia um breve pronunciamento. A reação
do público esmaece por alguns instantes. Quando o presidente da FIFA cita o
nome da "presidenta" Dilma, a estrondosa vaia recomeça. Joseph Blater
pede, por favor, aos amigos do futebol brasileiro, respeito e fair-play.
As vaias não
cessam e Dilma, visivelmente constrangida, com as imagens geradas para o mundo,
apenas declara aberta a Copa das Confederações, com a sua voz abafada pela
ruidosa manifestação de repúdio e de desaprovação da maioria dos presentes.
A TV Globo,
responsável pelas imagens, tentou minimizar o ocorrido e tirou de seu
noticiário esse momento de revolta de uma parcela significativa do povo
brasileiro. Ao comentar rapidamente o fato, o apresentador do Jornal Nacional,
William Bonner, ainda disse que as vaias também foram para o presidente da
FIFA. Errou em sua interpretação. Elas foram dirigidas apenas à
"presidenta". Eu estava lá e vi. Meninos, eu vi.
Vi e também
vaiei, a plenos pulmões. Não iniciei a vaia, que tomou conta do estádio como
uma grande "ola". Mas, certamente, fui um dos últimos a parar. As
consequências vieram de imediato, atingindo as minhas cordas vocais e
deixando-me rouco, condição em que ainda permaneço, dois dias depois.
Talvez, neste
país sem cidadania, esteja me tornando um velho anarquista, mas com o ardor da
indignação de um jovem adolescente, em prol do que é certo e justo.
Vaiei a
incompetência, a desonestidade, a corrupção, a enganação, a mentira.
Vaiei as
obras inacabadas, superfaturadas, mal feitas, não fiscalizadas.
Vaiei a
insegurança dos cidadãos brasileiros, as péssimas condições da saúde pública, a
ineficiência do sistema educacional.
Vaiei a falta
de boas estradas, portos e aeroportos.
Vaiei a
carência de saneamento básico, os apagões de energia elétrica, o caos das
grandes cidades.
Vaiei a
utilização política de empresas estatais e de economia mista, com recursos
financeiros mal aplicados ou utilizados de maneira inescrupulosa, ocasionando
graves prejuízos, como os verificados na Petrobras.
Vaiei o
estímulo à luta de classes, à invasão de propriedades particulares e à
desagregação da sociedade.
Vaiei os
programas eleitoreiros, disfarçados em projetos sociais, sem nenhuma
contrapartida, que objetivam apenas a conquista de votos para a manutenção do poder.
Vaiei o
retorno da inflação, o aumento brutal da dívida interna, a quebra do equilíbrio
fiscal.
Vaiei o
aniquilamento de nossa indústria, os malefícios à agropecuária, a perda da
competitividade internacional.
Vaiei
os cartões corporativos e o alto custo da máquina governamental, com os seus
trinta e nove ministérios, criados, em sua maioria, apenas para abrigar
políticos obscuros e os interesses dos partidos da base aliada.
Vaiei o
aparelhamento do Estado, inclusive o da mais alta corte do Poder Judiciário,
por pessoas ligadas ao partido político da "presidenta".
Vaiei a
tentativa de mudar a verdadeira História do Brasil, com a instalação de uma
Comissão, que de verdade só tem o nome.
Vaiei a
subordinação da política externa brasileira aos ditames do Foro de São Paulo,
com o país caudatário das decisões de governos populistas e ditatoriais da
América Latina.
Vaiei as
tentativas de macular as Forças Armadas, de silenciar a imprensa, de implantar,
paulatinamente, o comunismo no Brasil, travestido agora com o nome de
socialismo bolivariano.
Vaiei
os políticos demagogos, oportunistas, mentirosos, corruptos e adúlteros.
Vaiei os
seguidores de falsos profetas, os aproveitadores, os bajuladores, de todas as
espécies.
Vaiei os
inocentes úteis, os conformados, os omissos.
Vaiei,
finalmente, todo o mal que, nos últimos dez anos, o partido político, que se
dizia ético, fez ao meu país.
Que a
estrondosa vaia seja o prenúncio de outros tempos, de esperança e de confiança
em um novo Brasil, verdadeiramente grandioso e justo para o seu povo.
Brasília, 17
de junho de 2013.
Luiz Osório
Marinho Silva
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